A Pastoral Familiar surgiu da necessidade de atuação da Igreja junto às famílias devido às amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura, pondo em questão esta instituição que constitui o cerne da sociedade. A família sempre foi de grande importância para a Igreja pois através dela que o homem começa sua vida, forma sua base.
Em 1980, de 26 de setembro a 25 de outubro , realizou-se em Roma o sínodo dos bispos sobre a função da família cristã no mundo de hoje resultando na Exortação Apostólica Familiaris Consortio do papa João Paulo II . Com base nesta encíclica, a CNBB publicou o documento 65 – A Pastoral Familiar no Brasil que serve de subsídio para a implantação da Pastoral Familiar nas Paróquias.
A Pastoral Familiar tem como missão ser misericordiosa, acolhedora, integrada, defensora da vida e dos valores cristãos, valorizadora do sacramento do matrimônio e formadora de Igrejas domésticas e comunidades de amor.
A Pastoral familiar destina-se a todos os tipos de pessoas e famílias para ajudá-las e servi-las – famílias bem constituídas, desestruturadas, futuras famílias, famílias em situação de miséria, distanciadas da vida da igreja, discriminadas, de migrantes, mães e pais solteiros, pessoas sem família, divorciadas, viúvos e em toda situação familiar que necessite de ajuda e acolhimento.
Para melhor atuação, a Pastoral Familiar divide-se em três setores: Pré-matrimonial, Pós-matrimonial e casos especiais.
“A família é uma comunidade íntima de vida e de amor, querida pelo próprio Deus (Familiaris Consortio, II),
“A família é o fundamento da própria sociedade, é a primeira escola das virtudes sociais. ( Doc. 65, Coleção de Estudos da CNBB, pág. 11 )
“ A família cristã é a célula primeira e vital da sociedade; é o santuário da vida, é Igreja Doméstica; é o primeiro espaço de evangelização e engajamento social.” Doc. Santo Domingo nº 214
“ A família deve ser a vossa grande prioridade pastoral! Sem uma família respeitável e estável não pode haver organismo social sadio, sem ela não pode haver uma verdadeira comunidade eclesial” João Paulo
Setores
Um dos setores importantes da vida da Igreja é a Pastoral Familiar. Embora a realidade da família esteja presente em muitos campos da ação da Igreja, necessário se faz organizá-la, sem o que ela se dilui entre as outras pastorais e não conseguirá a eficácia que dela se espera.
Evidentemente a organização por si só não garante a concretização dos objetivos e metas estabelecidos. Somente assim, no entanto, se poderá dar passos controláveis e seguros na direção do atendimento da famifia. Junto com a organização se faz necessária a presença de agentes de pastoral abertos à ação do Espfrito na Igreja: pobres, despojados, missionários, disponíveis à ação do Senhor. Este é um pressuposto que não pode ser negligenciado.
Um mínimo de organização deverá estar presente a nível nacional, regional, diocesano e paroquial (também em comunidades eclesiais de base). Sua estruturação inicial se faz sob a forma de uma comissão ou equipe.
Essa comissão (ou equipe) é instrumento de que se serve a Igreja para cumprir sua missão na ação evangelizadora no acompanhamento, orientação, ajuda e apoio às famílias. Focalizaremos aqui as comissões ou equipes diocesanas e paroquiais.
Caráter das comissões e equipes
Trata-se de comissões e equipes de reflexão, animação, planejamento e coordenação da Pastoral Familiar em sua área de abrangência, isto é, na paróquia ou na diocese.
Não é um novo movimento ou associação que surge, nem são criadas para competir com os movimentos e serviços familiares já existentes.
São suas principais características:
• acolher com amor e simplicidade todas as pessoas, casais, movimentos, serviços, instituições e organizações que trabalham em prol da família ou se empenham em sua promoção;
• animar, estimular e apoiar o trabalho de todos na Pastoral Familiar diocesana ou paroquial,
• estabelecer orientações e linhas comuns para a ação pastoral;
• servir de elo de ligação entre as diversas estruturas existentes: família-grupo-comunidade; comunidade-paróquia; paróquia-setores das dioceses; pastorais, movimentos, associações.
Objetivos das Comissões Diocesanas
A realidade e os problemas das diferentes dioceses brasileiras são extremamente diversificados. Cabe, por conseguinte, a cada comissão de coordenação da Pastoral Familiar traçar seus objetivos próprios.
Os objetivos que apresentamos a seguir deveriam ser adotados, gradativamente, por todas as comissões diocesanas.
As equipes paroquiais teriam também seus objetivos específicos que poderiam ser concretizados a partir das características que abaixo elencamos, de modo particular, para as comissões em nível diocesano:
Conhecer a realidade familiar através de estudos feitos a respeito da situação e das necessidades das famílias; fazer um levantamento do que já está sendo feito em prol da família e planejar um trabalho pastoral que será executado de maneira eficaz e adequado; refletir constantemente sobre a problemática familiar à luz do Evangelho e dos ensinamentos do Magistério, a fim que as ações pastorais que venham a ser empreendidas possam realizar uma evangelização atualizada e correta da família; promover a formação e capacitação de agentes de Pastoral Familiar;
•articular e apoiar e ação pastoral dos movimentos, serviços e institutos familiares, visando coordenar esforços e realizar os grandes objetivos da Pastoral Familiar com todas as forças vivas da comunidade;
• estar em ligação constante com as comissões regionais Pastoral Familiar da CNBB e as comissões ou equipes das paróquias;
• manter contato com todos aqueles que trabalham com famílias ou exercem influência sobre elas, sejam pessoas e profissionais, sejam instituições, grupos de estudo, reflexão ou de promoção humana, meios de comunicação social ou entidades sociais, visando somar esforços, buscar cooperação, partilhar experiências, aproveitar recursos e realizar possíveis ações comuns:
• defender a família, seus valores, sua importância básica para a sociedade e para a Igreja;
• promover a formação, apoiar e fortalecer as equipes de Pastoral Familiar nas paróquias;
• integrar a Pastoral Familiar com outras pastorais que tenham incidência sobre a família, dentro do plano de pastoral de conjunto da diocese;
• colocar-se a serviço da vida, preparação de agentes que defendam a vida em todos os seus aspectos;
• realizar avaliações regulares das próprias atividades, de modo a aperfeiçoar o trabalho realizado e alcançar mais plenamente os objetivos traçados.
Constituição da comissão cabe ao Bispo diocesano constituir a Comissão Diocesana de Pastoral Familiar.
O Bispo poderá formá-la de muitas maneiras:
• escolhendo ele mesmo os nomes que a comporão;
• aproveitando motivação existente em alguns casais da diocese;
•nomeando uma comissão provisóna que depois se tornaria definitiva com eventuais mudanças;
• convocando uma reunião ou encontro para conversar sobre a família, com casais representantes das paróquias e comunidades de base, movimentos e serviços familiares, alguns sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas: ao final dessa reunião seria tomada a decisão de formação da equipe e escolhida a maneira como seria constituída; convocando casais das paróquias e comunidades de base bem como membros de movimentos e serviços familiares;
• exigindo-se que normalmente os casais deverão tercerta liderança, serem pessoas que acreditam na família e tenham alguma experiência pastoral no campo familiar, bem como possam oferecer belo testemunho de vida cristã e familiar.
Para que a comissão possa cumprir seus objetivos toma-se necessário criar uma estrutura mínima, na qual cada membro tenha tarefas e responsabilidades definidas. Assim, deverá haver:
• uma coordenação exercida por um casal que: presidirá a comissão procurando com entusiasmo criar um clima de comunhão e participação; organizará, planejará e avaliará a Pastoral Familiar juntamente com os outros membros da comissão; se ocupará com o relacionamento permanente da comissão com o Bispo, conselho pastoral diocesano e outras estruturas da diocese;
• uma vice-coordenação, exercida por um casal;
• um sacerdote (ou diácono) com a função de assessor ou assistente;
• que seja um assessor doutrinal e pastoral; um animador da Pastoral Familiar e da espiritualidade dos membros da comissao;
• uma secretaria sob a responsabilidade de um casal, de uma religiosa ou de uma pessoa especialmente designada para tato;
• um setor de Formação de Agentes de Pastoral, a cargo de dois casais, para organizar cursos, encontros, retiros, palestras, debates, troca de informações, divulgação de bibliografia e outros materiais de Pastoral Familiar;
• um setor de Pastoral Pré-Matrimonial, sob a responsabilidade de dois casais, que poderá ser subdividido em preparação remota para o matrimônio e preparação próxima, conforme as funçôes descritas nas etapas da Pastoral Familiar em números precedentes;
• um setor de Pastoral Pós-Matrimonial, sob a responsabilidade de dois casais, que poderá se subdividir em equipe de pastoral dos recém-casados; equipe voltada para famílias de batizandos, famílias cujos filhos estão freqüentando a catequese de primeira eucaristia e crisma bem como pais de batizandos; equipe de pastoral para atuar nas escolas;
• um setor de Pastoral para os casos difíceis, com a participação de dois casais e, eventualmente, de um religioso ou uma religiosa.
Obs: À medida que a Comissão Diocesana de Pastoral Familiar for se desenvolvendo, sentirá necessidade de outros serviços e tarefas tanto na pastoral pré-matrimonial, como na pastoral da celebração do sacramento e na pastoral pós-matrimonial;
Pensamos sobretudo nos encontros e acompanhamentos de namorados firmes, na realização de eventos como a Semana Nacional da Família e outros serviços. No organograma que segue poder-se-á visualizar melhor a estrutura da Comissão Diocesana:
Equipe de Pastoral Familiar da Paróquia
A paróquia tem importância capital na realização e desenvolvimento da Pastoral Familiar. E em tomo da paróquia, de suas capelas, comunidades de bairros e, eventualmente, comunidades de base a ela ligádas, que se reúnem os fiéis entre os quais estão as famflias. Ela representa a expressão mais imediata, visível e próxima da Igreja. E na paróquia que a Pastoral Familiar tem mais oportunidade de ser bem sucedida.
Normal que na paróquia as pessoas se conheçam mais e melhor. Pároco, agentes de Pastoral Familiar têm conhecimento mais global e preciso das urgências da família. São as equipes paroquiais de Pastoral Familiar que entrarão em contato mais direto com as famílias, suas esperanças e seus problemas.
Características da Equipe Paroquial de Pastoral Familiar
É equipe de reflexão, de estudo, de planejamento a seu nível. Além disso:
• coordena e executa a Pastoral Familiar em sua área;
• organiza a Pastoral Familiar em sua área que é a paróquia, atingindo, aos poucos, todas as comunidades, partindo sempre do conhecimento da realidade local;
• leva em conta e torna mesmo participantes da Pastoral Familiar Paroquial todos os membros dos movimentos e serviços familiares;
• auxilia, de modo particular, os dirigentes das comunidades eclesiais de base para que estes possam também animar as famílias de seu local;
• faz o planejamento e estabelece prioridades não podendo deixar de levar em consideração as diretrizes e orientações traçadas pela Comissão Diocesana da Pastoral Familiar para toda a diocese, inserindo-se assim no Plano de Pastoral de Conjunto da Igreja local;
• mantém, assim, constantes contatos com a Comissão Diocesana onde buscará suprimento para suas necessidades em termos de formação de agentes de Pastoral Familiar, informações e subsídios. bem como auxilio para todas as iniciativas que deseja ou precisa tomar e não disponha de recursos e condições.
Constituição da Equipe Paroquial de Pastoral Familiar
A composição da Equipe de Pastoral Familiar, à semelhança da Comissão Diocesana, e consideradas as caraaerízas peculiares da realidade paroquial, poderia ter uma estrutura como a seguinte:
• uma Coordenação exercida por um casal;
• uma vice-coordenação também sob a responsabilidade de um casal;
• um Assistente ou Assessor que pode ser o próprio pároco:
• uma Secretaria, sob a responsabilidade de um casal ou de .ssoa habilitada e designada para a tarefa;
• um Setor de Pastoral Pré-Matrimonial, a cargo de um casal e que poderá ser sub-dividido em dois: da preparação próxima ao matrimônio (cursos ou encontros de noivos e o da preparação remota, através de cursos de educacão para o amor e outras atividades descritas em capítulo anterior quando se abordou a questão dos campos de atuação da pastoral pré-matrimonial remota.
• um Setor de Pastoral Pós-Matrimonial, sob a responsabilidade de um casal. Este, sim, poderia ser desdobrado em: equipe de pastoral para recém-casados; equipe de pastoral dirigida aos pais de crianças e adolescentes que estão se preparando para a primeira eucaristia e crisma; equipe de pastoral direcionada aos pais com filhos em escolas;
• um Setor de Pastoral para os casos difíceis, a cargo de um casal.
Obs.: Evidentemente, à medida que a- Equipe de Pastoral Familiar paroquial for se desenvolvendo serão necessárias mais subdivisões nos Setores acima mencionados. No organograma seguinte tem-se uma visualização da estrutura da Equipe Paroquial de Pastoral Familiar: