EXPECTATIVAS E ESPERANÇAS MISSIONÁRIAS

28-10-2010 19:01

 

1.         Um catolicismo bíblico. Nós católicos sofremos um analfabetismo bíblico. Precisamos ter a Palavra de Deus na mão, no coração e pés na missão. A maioria de nós só tem contato com a Palavra na celebração eucarística. Nossas crianças sabem lidar com o computador, o celular, a televisão, mas não  sabem abrir a Bíblia.  É hora do primado da Palavra para que tenhamos um “coração bíblico”. Precisamos passar do catolicismo devocional e sacramentalizador, para um catolicismo bíblico. Assim, será fortalecida a profecia, o discipulado a missão, e principalmente o amor à Eucaristia. A Bíblia é a alma da missão.

2.         Uma Igreja da visitação. A missão da Igreja é sair de casa, da sacristia, da rotina e da acomodação e ir ao povo. Bater nas portas das casas. A Igreja cresce e se revigora com a visita aos lares, com a missão corpo a corpo. A visitação é um meio privilegiado para atrair os afastados e chegar aos telhados das casas. Com a visitação formam-se os grupos de reflexão e a Igreja está em estado permanente de missão. A visitação revitaliza a paróquia. É preciso a coragem e a ousadia da visitação. Os milagres acontecerão.

3.        Uma Igreja, grupo, rede de comunidades. Como somos tardos em nos convencer que os grupos bíblicos de reflexão são sabedoria, segredo e estratégia de evangelização. Os grupos atingem o povo, as casas, as ruas. Através deles acontece a catequese permanente, a missão semanal, o fortalecimento das pastorais, a vitalidade da paróquia, a facilitação do dízimo etc. No grupo são preparadas novas lideranças, os afastados se aproximam, e o ecumenismo é fomentado. Grupo significa, Igreja comunidade que reza, reflete, pratica a caridade e colabora com a transformação social. Grupo de reflexão é Igreja em estado permanente de missão.

4.    Uma Igreja forte na comunicação. Já damos grandes passos na comunicação. Mas, podemos ser mais audazes e criativos. Cuidemos de nossos microfones, nossos leitores, nossas homilias. Criemos laços com os comunicadores e com eles aprendamos como comunicar o evangelho. O que não é comunicado não existe. As torres das rádios, televisões e celulares são nossas catedrais. Usemos o telefone, o panfleto, o jornal, as cartas, emails, rádios e façamos com arte os cursos, homilias e avisos paroquiais. A Igreja é um extraordinário meio de evangelização. Daí a centralidade da Pastoral da Comunicação.

5.    Igreja e opinião pública. Nós católicos ainda não despertamos para a importância da evangelização com as massas, as multidões, as grandes concentrações. Sabemos que os grandes eventos criam opinião pública. Ali se manifesta a força do povo. Os políticos, os sindicalistas, os grevistas, as religiões pentecostais, os movimentos de parada gay, os governos sabem do poder das massas, das concentrações, das multidões. Nós, ainda não acordamos para esta alternativa evangelizadora, somos muito paroquialistas, envolvidos com nosso quintal. Isso não está errado, mas, é incompleto. Precisamos dos grupos pequenos e das grandes multidões. É assim que Jesus evangelizava.

6.    Presença pública da Igreja e ecumenismo. Eis a necessidade de diálogo, articulação e parceria com as instituições sociais e religiões. Há espaços que não ocupamos. Médicos, advogados, policiais, políticos, professores, universitários e tantos outros devem ser nossos interlocutores. Eis a importância da pastoral urbana e do diálogo com a cultura, a ciência e as religiões. Somos muito tímidos no ecumenismo que é uma das principais razões do Concilio Vat. II.

 

Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Londrina/PR

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral

para a Vida e Família da CNBB

 


 

Marcelo Brilhante© 2011 Todos os direitos reservados